Tenho andado muito adoentada e só hoje me levantei um bocadinho, porque já não aguentava as dores nas costas já para não falar das saudades que eu tenho de todos.
Isto do tempo estar todo trocado, troca-me as voltas cá de uma maneira que vossemecês nem calculam.
Quando devia chover, faz sol, e é um calor que ninguém aguenta e à conta disso apanhei uma virose ou lá como é que isto se chama, mas foi assim que o Sr. Dr. Médico lhe chamou e eu acredito porque ele é pessoa de muita sabedoria.
Depois, de repente, acorda-se com um dilúvio, que mais parece aquele do tempo do Noé, só que aqui ninguém teve tempo de construir arca nenhuma para se abrigar e a água entrou a jorros pela casa das pessoas.
Já para não falar dos incêndios que este ano também vieram fora do tempo, e até me deu vontade de rir, porque os senhores daquele desgoverno que nos governam, deitaram os foguetes antes do tempo, quando todos contentinhos, vieram dizer que neste Verão, tinha sido um regalo de se ver, porque finalmente a floresta ardida era quase zero.
- Zero, são eles, onde é que já se viu, com um Verão daqueles cheio de chuva, queriam que houvesse fogos onde?
Ora eu, apesar de ser mulher da aldeia, gosto de andar bem informada com as coisas do mundo, e o meu Zé compra sempre o jornal porque eu lhe mando, e enquanto estou a passar a ferro, ele vai-me dando conta das noticias.
Por isso meus anjinhos, não se esqueçam que amanhã é o dia da floresta e bem que estamos precisando de muitas árvores para ajudar o planeta a respirar melhor.
A vossa Beata, apesar de ainda estar às voltas com esta tal de virose, amanhã vai ajudar a plantar árvores aqui. Pode ser que encontre algum de vós, e não se esqueçam de me falar se me virem está bem?
Agora tenho que ir, porque já me está a chegar de novo a maldita da febre.
Até qualquer dia e ajudem a cuidar do planeta.
Beijinhos repenicados
Da vossa Beata da Aldeia